domingo, 11 de janeiro de 2009

Os Vistos

De pés atados para entrar na Terra Santa

Hoje, dia 11, foi dia de Terra Santa. A cidade dividida, onde israelitas e palestinianos se cruzam na mesma rua, deixando um rasto de olhares desconfortáveis.

Saímos de Belém de manhã, no check-point para entrar em Jerusalém em vez dos dez habituais palestinianos que nos acompanham, tínhamos oito.

Nicola Stefan é palestiniano, filho de pai palestiniano e mãe chilena. Nasceu no Chile mas aos 10 anos quando o pai morreu, veio viver para Belém. Desde 1995 que vive em Beitjala, uma cidade na região de Belém.

Como a maioria dos palestinianos, para entrar em Jerusalém, Nicola precisa de permissão.

Por permissão, entende-se um visto que é entregue pelo governo israelita e que autoriza a entrada de palestinianos na Terra Santa. Normalmente os vistos são pedidos pelos palestinianos através da igreja e são dados por razões especiais, em épocas festivas religiosas ou por motivos hospitalares.

Este Natal, Nicola conseguiu o visto. Durante um mês, de 21 de Dezembro a 21 de Janeiro, vai poder entrar e sair da sua reclamada capital, Jerusalém, a cidade berço de todas as religiões. “Toda a gente devia receber o visto. Nós não os proibimos de entrar, eles é que nos proíbem a nós.”, comenta Nicola.

Nem todos os palestinianos conseguem este visto. Só o recebe quem a autoridade judaica acha que tem um “cadastro” exemplar, sem indícios de participação activista.

Usama Khamis não recebeu o visto. Há 2 anos que não vai a Jerusalém. “Eles não me dão nenhuma razão específica mas dizem sempre o mesmo, .” explicou-me Usama quando voltámos.

Este ano, em cerca de 5.000 pedidos de vistos pela igreja cristã entregues ao centro judaico “Atzion”, 500 foram concedidos.

Joana Cleto

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