sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Entender Gaza

O que move esta guerra?

O conflito de Gaza, que começou nos últimos dias de Dezembro, já causou mais de meio milhar de mortos, quase todos palestinianos e a maioria mulheres e crianças.

Israel reclama que os números e as imagens que os meios de comunicação transmitem tratam-se de pura propaganda do Hamas. Primeiro, porque muitas das fotografias e vídeos transmitidos são de outros conflitos e mostram até vítimas provocadas por explosões causadas pelo próprio Hamas. Depois, porque os líderes deste grupo armado se escondem em escolas, hospitais e locais cheios de civis tornando-os a todos potenciais vítimas desta guerra.

Israel argumenta ainda que apenas se está a defender. O Hamas nunca respeitou as tréguas acordadas por ambas as partes em 2006 e frequentemente lançava rockets para solo hebraico. Apesar de os israelitas terem abrigos para se esconder, estes ataques lançam um constante clima de terror na população.

A justificação para a ofensiva de Israel prende-se com o combate ao terrorismo. O estado hebraico quer destruir o Hamas para garantir a segurança dos seus cidadãos. Apesar de os números serem chocantes e díspares em relação ao número de vítimas, as autoridades israelitas continuam a alegar legitima defesa, garantindo que o seu combate nunca foi nem nunca será contra o povo da Palestina.

Mas os palestinianos vivem oprimidos desde os anos 40, quando os judeus começaram a ocupar e a colonizar as suas terras, declarando o Estado de Israel em 1948. Desde então as fronteiras entre os dois povos estão em constante alteração e hoje à Palestina pertence apenas cerca de 10% do seu território inicial.

Mesmo esse pedaço de terra está dividido entre Gaza e a zona da Cisjordânia, onde ficam as cidades de Belém e Jericó, sem haver ligação entre ambas as zonas.

Israel controla o acesso aos recursos da Palestina, como a água e a electricidade. E impede a livre circulação dos palestinianos entre os dois estados com controlos rigorosos nas fronteiras. Existe ainda o drama dos refugiados, havendo milhões que foram forçados a abandonar as suas terras e que se instalaram em campos nos países vizinhos, sem os normais direitos de cidadania.

O Hamas foi eleito em Gaza porque foi sensível a estas questões. Alimentou os que passavam fome e abrigou os protegidos, prometendo recuperar a terra perdida para Israel e com esse argumento justificando os constantes ataques às cidades hebraicas vizinhas. Foi a solução mais fácil para este povo que como opção tinha apenas a Fatah, que controla ainda a zona da Cisjordânia, e que sempre foi associada à corrupção, sem se preocupar com as necessidades da população.

A comunidade internacional debate agora a resolução do actual conflito de Gaza, apelando insistentemente ao cessar-fogo. Mas mesmo quando a paz voltar existem ainda vários problemas de fundo nesta questão entre Israel e a Palestina.


Marta Velho

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