É sempre estranho quando alguém que não conhecemos nos analisa, nos faz perguntas e opina sobre a nossa vida.
Aqui tem sido assim. Chegámos à Palestina a achar que sabíamos muito sobre este país, sobre este conflito e prontos para arrancar dos outros aquilo que ainda não tivemos. Prontos para falar com os jovens palestinianos e sugar-lhes toda a informação disponível.
Olhamos para eles e imaginamos o que pensarão. O que haverá por detrás daquelas histórias que já devem estar fartos de repetir. Como será viver aqui um dia-a-dia despreocupado quando têm a gente deles a morrer a não muitos quilómetros daqui. Como será que lutarão com todas as barreiras internas e externas, culturais e religiosas.
Os palestinianos estão em guerra com Israel. Não são bem vistos por quase nenhum dos restantes países árabes do Médio Oriente. Vivem com medo dos soldados hebraicos que lhes controlam até o ar que respiram. Politicamente ainda têm as disputas violentas entre a Fatah, associada à corrupção, e o Hamas, grupo extremista de Gaza. Como se não bastasse, todos os dias enfrentam, até os mais liberais, regras e costumes, culturais e religiosos, extremamente apertados.
Nós tentamos, e vamos tentar a semana toda, chegar a eles e chegarmo-nos entre nós. Mas vai ser difícil.
Os piores muros são aqueles que existem na nossa cabeça.
Marta Velho
Marta Velho
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